Em um espetáculo digno de reality show de austeridade, os jatos da Força Aérea Brasileira (FAB) decidiram aderir à moda do “desapego” — só que, no caso, desapego de combustível e manutenção. Com os cofres mais secos que o Saara, as aeronaves que transportam nossas ilustríssimas autoridades agora funcionam à base de pensamento positivo e, quando muito, uma caroninha no vento.
Ministros, acostumados a voar como se o céu fosse um Uber exclusivo, agora fazem fila como mortais em balcão de companhia aérea low-cost. O motivo? A verba para abastecer e consertar os aviões sumiu — provavelmente perdida em algum labirinto burocrático ou gasto em um post institucional sobre “eficiência fiscal”.
Enquanto isso, os pilotos da FAB viram mestres da improvisação: “Hoje voamos só se o vento ajudar e se a gente descer ladeira”, brincou um deles, sob o olhar desesperado de um ministro que já perdeu três reuniões internacionais porque o avião preferiu ficar de “repouso terapêutico”.
O Ministério da Defesa, questionado sobre o assunto, respondeu com um comunicado enigmático: “Estamos priorizando a sustentabilidade. Nada como uma boa viagem de ônibus para aproximar o governo do povo.” E, de fato, nada une mais o Brasil do que a democracia do transporte público — ainda mais quando até os títulos de Excelência têm que pegar a linha 119.
Enquanto isso, no Planalto, o presidente ensaia um discurso emocionante: “Estamos reinventando a logística governamental. Em breve, os ministros virarão influencers de carona solidária.”
E assim, entre fusca emprestado e avião que virou peça de museu, o Brasil prova que, em tempos de vacas magras, até os poderosos aprendem a fazer fila. Ou a andar.