3 de julho de 2025
Brasil

TV 3.0: governo federal prepara decreto, mas transição gera custos e exclusão digital

Imagem reprodução
Novo padrão promete imagem 8K e interatividade, mas exigirá conversores caros ou TVs novas, deixando dúvidas sobre acesso para população de baixa renda

O governo federal está finalizando um decreto para implantar a TV 3.0, sistema que promete revolucionar a transmissão televisiva com imagens em resolução 8K, som imersivo e interatividade via internet. A tecnologia, porém, vem com um obstáculo significativo: nenhum televisor em uso no Brasil hoje é compatível, obrigando os consumidores a adquirirem conversores estimados em R$ 400 ou, futuramente, trocar de aparelho.

A transição, prevista para começar ainda em 2025 nas capitais, manterá o sinal digital atual (TV 2.0) por até 10 anos, em fase de convivência. No entanto, a demora na regulamentação tem travado a produção em larga escala de equipamentos compatíveis, mantendo os preços elevados. Além disso, a dependência de internet banda larga para recursos interativos preocupa especialistas, já que 18% dos lares brasileiros ainda não têm acesso à rede, segundo o IBGE.

Críticas ao modelo e riscos de exclusão

O governo ainda não detalhou se subsidiará conversores para famílias de baixa renda, como ocorreu na migração para a TV digital em 2007. A escolha do padrão ATSC 3.0, usado nos EUA, também é alvo de críticas: especialistas apontam que alternativas como o DVB-T3 (europeu) poderiam ser mais baratas e adaptáveis.

— É uma tecnologia que beneficia mais o mercado do que o cidadão comum — afirma Carlos Affonso, especialista em telecomunicações. — Sem políticas públicas, milhões podem ficar excluídos, especialmente em áreas rurais e periferias urbanas.

Obsolescência forçada e desafios para idosos

Outro problema é a obsolescência acelerada: TVs compradas nos últimos anos, mesmo com 4K, não suportarão o novo padrão sem adaptadores. Além disso, a necessidade de aplicativos para acessar canais pode dificultar o uso por idosos e pessoas com pouca familiaridade com tecnologia.

Enquanto o decreto não é publicado na Casa Civil, setores questionam se a TV 3.0 trará benefícios reais ou apenas um custo extra para o consumidor. A promessa de integração com serviços públicos, como emissão de documentos, ainda soa vaga, levantando dúvidas sobre quem de fato ganhará com a mudança.

Acompanhe as próximas etapas desta polêmica transição tecnológica.

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