O delicado equilíbrio de poder no governo Lula, destacando três frentes de risco para o presidente:
1. A armadilha do Centrão e o fantasma do impeachment
Ao contrário do que se imagina, o chamado “Centrão” não é um bloco coeso, mas sim uma rede de parlamentares com interesses variados – muitos deles, segundo a denúncia, com negócios internacionais (inclusive offshores) que podem ser afetados pelas novas tarifas de Trump contra o Brasil.
O governo Lula apostou em uma estratégia agressiva:
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Levar disputas políticas ao STF (como o caso do gabinete de Hugo Mota)
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Mobilizar bases contra o Congresso
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Confrontar decisões legislativas via Judiciário
O risco: Se o Congresso sentir o bolso afetado pelas retaliações comerciais dos EUA – ou se Lula perder a capacidade de negociar cargos e verbas –, o impeachment pode sair do papel. E aqui entra o fator Alckmin: com a nova linha sucessória, o vice-presidente, mais palatável ao Centrão, seria o grande beneficiado.
2. A bomba-relógio de Trump e a economia
A imposição de tarifas de 50% sobre exportações brasileiras ainda não mostrou todo seu impacto, mas a ameaça é clara: muitos parlamentares têm investimentos em commodities vendidas aos EUA e China. Se o prejuízo chegar, a pressão contra Lula tende a crescer – e o Centrão, pragmaticamente, pode mudar de lado.
3. O erro de cálculo de Lula
O governo subestimou dois fatores:
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A reação do Congresso: A judicialização de decisões legislativas (via STF) está esgotando a paciência de aliados.
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A força de Trump: Acreditava-se que as ameaças comerciais eram blefe, mas a taxação já começou – e o Congresso não quer pagar a conta.
Conclusão: O cronômetro do impeachment pode ter sido acionado. Se Lula não recuar na estratégia de confronto e não conseguir frear a escalada de tensão com os EUA, o Centrão – movido por interesses, não por ideologia – pode decidir que é hora de trocar o cavalo. A grande ironia? Quem colocaria ponto final no lulismo seria justamente o pragmatismo político que o PT tanto desdenhou.