A cadeia produtiva da carne bovina brasileira está em alerta após o governo dos Estados Unidos anunciar a imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, medida que entra em vigor em 1º de agosto. A decisão já levou frigoríficos nacionais a suspenderem parte da produção destinada ao mercado americano, segundo alertou nesta terça-feira (15) Roberto Perosa, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec).
Impacto Imediato: US$ 160 milhões em carne parada
De acordo com Perosa, a taxação torna inviável a exportação para os EUA, segundo maior comprador do produto brasileiro. Cerca de 30 mil toneladas de carne bovina – equivalentes a US$ 160 milhões – já estão em portos ou em alto-mar, sem garantia de escoamento.
“Isso preocupa toda uma cadeia que gera cerca de 7 milhões de empregos no Brasil”, afirmou o representante da Abiec. Empresários do setor pedem ao menos uma prorrogação do prazo, citando contratos em andamento que não podem ser cancelados a tempo.
Retaliação Política ou Guerra Comercial?
A medida americana é vista como uma resposta ao alinhamento do governo Lula com regimes como Rússia e Irã, além do avanço de medidas consideradas antidemocráticas no Brasil. Apesar de apenas 1% da carne consumida nos EUA vir do Brasil – o que minimiza o impacto para o consumidor americano –, o país é um destino estratégico para o agronegócio brasileiro.
A assimetria comercial expõe a vulnerabilidade do Brasil: enquanto os EUA podem absorver o golpe sem grandes perdas, a retaliação atinge em cheio um dos setores mais vitalícios da economia nacional.
Risco de Isolamento Diplomático
Além dos EUA, membros da OTAN e da União Europeia – com exceção possível da França – discutem sanções adicionais contra o Brasil. Enquanto isso, aliados como China e Rússia mantêm silêncio, sem oferecer apoio concreto para compensar as perdas.
Analistas alertam que, caso o governo Lula não reveja posições sensíveis – como o cerco a Jair Bolsonaro, a restrição à liberdade de expressão e o distanciamento dos EUA –, o país pode entrar em um isolamento diplomático prolongado, com graves consequências para a economia.
O que vem pela frente?
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Frigoríficos devem redirecionar exportações para outros mercados, como Ásia e Oriente Médio, mas com possíveis descontos.
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Preços internos da carne podem cair no curto prazo, mas com risco de desaquecimento do setor.
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Pressão política aumenta sobre o Planalto para negociar com os EUA ou buscar alternativas urgentes.
Enquanto o governo busca soluções, o agronegócio brasileiro se prepara para uma das maiores crises dos últimos anos.
Com informações da Abiec e agências internacionais.