Um fenômeno preocupante chamou a atenção de moradores e autoridades nesta terça-feira (27): um trecho do Rio Meia Ponte, próximo à região metropolitana de Goiânia, apareceu coberto por uma densa camada de espuma branca. O fato, registrado por populares, reacende o alerta para a poluição de corpos hídricos e suscetibilidade do principal manancial da capital goiana.
De acordo com especialistas ambientais ouvidos pela reportagem, a espumação excessiva é comumente associada à presença de detergentes e outros agentes tensoativos na água, frequentemente derivados do lançamento inadequado de esgoto doméstico e efluentes industriais. Essas substâncias, ao serem agitadas pelo movimento das águas, formam bolhas que se acumulam na superfície.
O professor de Recursos Hídricos da Universidade Federal de Goiás (UFG), Dr. Marcos Ferreira, explica que a espuma por si só já é um indicador de degradação, mas o real perigo está nos compostos químicos que podem estar associados a ela. “Além dos tensoativos, essa espuma pode carrear consigo fosfatos, metais pesados e compostos orgânicos perigosos, que intoxicam a fauna aquática e tornam a água imprópria para qualquer uso”, alerta.
A Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) foi acionada e informou que técnicos foram enviados ao local para coletar amostras da água e da espuma. As análises laboratoriais devem identificar a origem e a composição exata do material, um passo fundamental para responsabilizar os causadores do evento.
Esta não é a primeira vez que o Rio Meia Ponte sofre com episódios de poluição severa. O caso expõe a fragilidade do controle sobre o lançamento de efluentes e a urgência de investimentos em saneamento básico e na modernização da fiscalização ambiental.
Enquanto os resultados não saem, a recomendação às populações ribeirinhas é evitar qualquer contato com a água do rio no trecho afetado.