Um estudo recente da Microsoft traz um alerta para o mercado de trabalho global: a Inteligência Artificial (IA) não é mais uma promessa futura, mas uma força transformadora ativa que já redefine carreiras e ameaça a permanência de funções tradicionais. A pesquisa, que analisou 200 mil interações anônimas com um assistente de IA, mapeou as profissões mais suscetíveis a mudanças radicais ou até à extinção. O cerne da vulnerabilidade? Atividades que dependem maciçamente de linguagem, produção de conteúdo, computação e tarefas repetitivas de manipulação de informações.
A lista das 40 profissões mais impactadas é um retrato dessa transição. Nela, figuram desde intérpretes e tradutores até redatores, jornalistas, revisores, telemarketing, recepcionistas e uma gama de cargos administrativos e analíticos. A metodologia da Microsoft foi clara: ao identificar as tarefas mais delegadas pelos usuários à IA e medir a eficiência da tecnologia em executá-las, foi possível quantificar a parcela de trabalho humano que já pode ser automatizada.
Essa transformação, segundo a professora de Tecnologia da Escola do Futuro Luiz Rassi, Ivone Borges, não é um fenômeno distante. “Algumas profissões voltadas para o telemarketing, por exemplo, já têm o chatbot – que praticamente as substituíram através de automações. Não tem mais a necessidade daquela figura do call center”, explica a especialista, que também é mestranda em Agronegócios. Ela acrescenta que funções baseadas em leitura, interpretação de texto e planejamento estratégico com base em dados estão no epicentro dessa mudança.
Preparação para o Futuro em Goiás
Enquanto países como Japão e EUA aceleram nessa nova realidade, o Brasil enfrenta disparidades regionais no acesso à tecnologia. Em contrapartida, iniciativas locais buscam capacitar a mão de obra goiana. O subsecretário de Inovação da Secti, Raphael Martins, destacou que Goiás reúne os elementos essenciais – governo ativo, universidades e um mercado demandante – para se consolidar como um polo de IA no centro do país.
Nas Escolas do Futuro, a corrida por qualificação é uma resposta direta ao temor do desemprego. Ivone Borges relata que cursos como o de operação de drones estão entre os mais concorridos, frequentados por profissionais que veem suas funções sendo remodeladas. “Um aluno da segurança me disse que sua empresa substituiria guardas em motos por monitoramento online via drone. Ele estava se qualificando porque sabia que sua função antiga não existiria mais”, elucida a professora.
O caminho, apontam os especialistas, não é de resistência, mas de adaptação. A IA, quando adotada de forma estruturada, traz eficiência, redução de custos e abre espaço para a inovação. No entanto, a professora Ivone faz um alerta solene: “A realidade é dura e, sim, algumas profissões não existirão mais. Isso requer uma necessidade muito grande de estudo, de procura e de adaptação às tecnologias”.
Para conferir a lista completa das 40 profissões e a matéria na íntegra, acesse o portal Hoje Goiás.
