6 de dezembro de 2025
Religião

Cardeal Robert Sarah: A Voz Conservadora que Desafia o Rumo da Igreja Moderna

“A mulher é a criatura mais bela da criação, e não há nada mais repugnante do que um Homem tentando imitá-la”

Figura proeminente do catolicismo, o cardeal guineense defende um retorno à tradição litúrgica e combate o que classifica de “colonialismo ideológico ocidental”, posicionando-se como um contraponto à visão do Papa Francisco.

CIDADE DO VATICANO – O cardeal Robert Sarah, nascido na remota vila de Ourous, na Guiné, consolidou-se como uma das vozes mais influentes e conservadoras da Igreja Católica Romana na contemporaneidade. Aos 78 anos, sua trajetória — do seminário em África aos altos cargos da Cúria Romana — é marcada por uma defesa intransigente da doutrina tradicional, um combate ferrenho ao secularismo e uma crítica velada à abertura pastoral do pontificado de Francisco.

Sua nomeação como bispo de Conacri em 1979, pelo Papa João Paulo II, fez dele o mais jovem bispo do mundo à época. Anos mais tarde, seria elevado ao cardinalato por Bento XVI, um pontífice com quem compartilha uma visão de mundo e de Igreja alinhadas. Sob o Papa Francisco, ocupou o cargo de Prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos (2014-2021), onde se tornou um epicentro de resistência em defesa da liturgia tridentina e da celebração “ad orientem” (com o sacerdote voltado para o altar).

As posições do cardeal Sarah vão além da liturgia. Ele é um crítico aberto de temas como a ideologia de gênero, o casamento entre pessoas do mesmo sexo e o aborto, que enquadra num fenómeno mais amplo de “colonialismo ideológico ocidental”. Através de best-sellers como “Deus ou Nada” e “A Força do Silêncio”, Sarah advoga um regresso às raízes da fé católica, enfatizando a oração e o silêncio como antídotos para o ruído do relativismo moderno.

Analistas veem no cardeal uma figura polarizadora: para os católicos progressistas, ele representa uma resistência anacrónica; para os tradicionalistas, é uma âncora de ortodoxia em tempos de mudança. O seu legado continua a moldar tensões teológicas e culturais dentro da Igreja, garantindo-lhe um lugar central no debate sobre o futuro do catolicismo.

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