30 de abril de 2025
Saúde

‘Café fake’: Produto Similar ao Café Viraliza e Levanta Debate Sobre Qualidade e Transparência no Consumo

Nos últimos dias, um produto rotulado como “pó para preparo de bebida à base de café” viralizou nas redes sociais sob os apelidos de “cafake” e “café fake”. Comercializado por um preço significativamente menor que o café tradicional, o item levantou questionamentos sobre qualidade, segurança alimentar e transparência na informação ao consumidor.

A polêmica foi impulsionada por um vídeo do diretor da Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic), Celírio Inácio da Silva, que alertou para a presença de impurezas no produto, como cascas, pau, pedra e palha. Segundo a Abic, o item não possui registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e não deveria estar nas prateleiras dos supermercados.

O impacto da inflação sobre o café também contribuiu para o fenômeno. Em 2024, o preço do café subiu 39,6% de acordo com o subiu 39,6% de acordo com o \u00dndice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), tornando-se um dos produtos mais afetados pela alta inflacionária. Em resposta ao encarecimento dos alimentos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sugeriu que os consumidores optassem por alternativas mais acessíveis, o que reacendeu o debate sobre a proliferação de produtos similares no mercado.

A presença de itens que se assemelham a produtos tradicionais, mas possuem composição diferente, não é novidade. Produtos como bebida láctea (similar ao iogurte), óleo composto (mistura de azeite e outros óleos vegetais) e creme culinário (substituto do creme de leite) estão cada vez mais comuns nas gôndolas. Embora permitidos por lei, esses itens devem informar claramente sua composição, o que nem sempre ocorre de forma evidente.

Especialistas alertam que a confusão gerada por embalagens semelhantes é um problema recorrente. Mariana Ribeiro, nutricionista do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), ressalta que muitos consumidores percebem a diferença apenas ao consumir o produto. Isso acontece porque esses itens frequentemente estão posicionados ao lado das versões tradicionais, dificultando a diferenciação.

A indústria alimentícia também tem explorado novas formas de aproveitar subprodutos, como no caso do creme culinário, feito a partir do soro do leite, um resíduo da produção de queijos. Esse material, antes descartado, passou a ser reutilizado, resultando em produtos como mistura láctea condensada e cobertura cremosa. Embora representem uma alternativa econômica, esses produtos têm menor valor nutricional e frequentemente contêm aditivos como amido modificado e gordura vegetal.

Na indústria da carne, situação semelhante ocorre com produtos como a linguiça “tipo calabresa”, que pode conter proteína vegetal e ossos moídos, além de carne suína. Essas práticas são legais, desde que a rotulagem seja clara, o que nem sempre acontece.

A preocupação com a segurança alimentar também se estende aos ultraprocessados, categoria que inclui refrigerantes, embutidos, massas congeladas e alguns derivados lácteos. Esses produtos passam por múltiplos processos industriais e são ricos em corantes, aromatizantes e edulcorantes, podendo representar riscos à saúde quando consumidos em excesso.

Diante do caso do “cafake”, a Abic reforçou que a comercialização de novos produtos e ingredientes exige autorização da Anvisa. A entidade também alertou que a embalagem do produto viralizado cita duas resoluções revogadas pela agência, o que levanta dúvidas sobre sua regularidade.

Enquanto a fiscalização e as discussões avançam, especialistas recomendam que consumidores fiquem atentos às informações nos rótulos e optem por produtos devidamente regulamentados para garantir qualidade e segurança na alimentação.

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