O governo chinês publicou um novo regulamento, composto por 18 artigos, que define limites rigorosos para a atuação de grupos e líderes religiosos no ambiente digital. A medida, implementada pela Administração Nacional de Assuntos Religiosos, tem como objetivo oficial combater o “uso indevido da religião para influenciar a sociedade”, mas é vista por organizações internacionais de direitos humanos como um severo golpe contra a liberdade religiosa no país.
Entre as principais proibições estão as transmissões ao vivo de cultos e cerimônias em redes sociais. As pregações e mensagens religiosas ficam restritas a aplicativos e sites controlados diretamente pelo órgão estatal. A nova norma também veta expressamente o uso de inteligência artificial para criar ou divulgar qualquer conteúdo ligado a religiões. Além disso, a arrecadação de fundos online por instituições religiosas, mesmo fora da China, necessita de autorização prévia do governo chinês.
Especialistas afirmam que a ação representa a extensão da já rígida supervisão de Pequim sobre a fé para o mundo digital, espaço que se tornou vital para milhões de fiéis buscarem orientação espiritual. Para o Partido Comunista Chinês, que há anos impõe a adaptação das religiões aos “valores socialistas”, o controle sobre o discurso online é uma questão de segurança nacional.
Religiosos que desrespeitarem as novas regras, que já estão em vigor, podem ser impedidos de exercer suas funções e enfrentar processos judiciais. O documento reforça o poder do Estado chinês sobre todas as esferas da vida pública e privada, consolidando um modelo de censura que busca deixar nenhum espaço livre de supervisão, inclusive a fé dos cidadãos.