Um estudo da Universidade de Harvard está reacendendo o debate sobre o futuro do trabalho nos países em desenvolvimento. A pesquisa argumenta que o trabalho casual – popularmente conhecido como “bicos” ou realizado por meio de plataformas digitais – tem um papel subestimado e crucial na redução da pobreza e da desigualdade, especialmente em economias como a brasileira.
Contrariando narrativas que focam apenas na precarização, os pesquisadores destacam que, para milhões de pessoas, essa modalidade oferece uma fonte de renda flexível e essencial. Muitas vezes, serve como complemento à renda principal ou como uma tábua de salvação em momentos de desemprego formal. No Brasil, onde a informalidade atinge cerca de 40% da força de trabalho, esses arranjos não são marginal, mas sim central para a subsistência.
O estudo alerta, porém, para um risco: a regulamentação excessiva. Embora seja necessário criar redes de proteção – como acesso a saúde e seguridade –, impor regras rígidas típicas do emprego formal a essas atividades pode, paradoxalmente, reduzir as oportunidades para os mais vulneráveis. A pesquisa sugere que políticas públicas devem se adaptar, criando mecanismos de proteção social que não impeçam o acesso a esse mercado dinâmico e acessível.
O desafio, segundo os pesquisadores, é equilibrar a necessária flexibilidade que faz do trabalho casual uma opção viável para tantos, com a construção de um piso de direitos que garanta dignidade e resiliência econômica aos trabalhadores.
