Pela primeira vez desde os anos 1960, o avanço evangélico no Brasil perdeu força, segundo dados do Censo 2022, divulgados pelo IBGE. O crescimento, que era de 6 pontos percentuais por década, caiu para 5,2 pontos – uma desaceleração modesta, mas significativa. Especialistas apontam que fatores como insatisfação de jovens, reativação da Igreja Católica e excesso de politização de algumas lideranças religiosas podem explicar o fenômeno.

O que está por trás da desaceleração?
Em entrevista à BBC News Brasil, a cientista política Ana Carolina Evangelista, diretora do Instituto de Estudos da Religião (ISER), destacou que o envolvimento político de pastores tem causado desgaste entre fiéis.
“Há um excesso de política nos púlpitos que faz com que algumas pessoas não se reconheçam mais em suas lideranças, seja pelo perfil delas ou pelas pautas que defendem”, explica.
Além disso, a Igreja Católica tem reagido à perda de fiéis com estratégias de comunicação mais modernas e iniciativas como o Sínodo da Amazônia, buscando reconquistar especialmente os jovens.
Impacto na política e no debate público
Apesar da desaceleração, os evangélicos continuam sendo o grupo religioso que mais cresce no país, e sua influência política deve permanecer forte. No entanto, Evangelista acredita que os novos dados podem recalibrar a forma como a mídia e analistas avaliam o peso evangélico no cenário nacional.
“O debate público hipervalorizou o poder dos evangélicos. Agora, talvez haja uma correção de rota”, pondera.
Outras religiões em movimento
O Censo também revelou:
✔️ Religiões de matriz africana mais que triplicaram em 12 anos, reflexo do avanço das pautas antirracistas e maior orgulho da ancestralidade negra.
✔️ Católicos caem para 56% da população, o menor patamar da história, mas ainda são maioria.
✔️ “Sem religião” atingem recorde, indicando maior liberdade de escolha espiritual.
E o futuro?
Projeções de que o Brasil se tornaria um país majoritariamente evangélico podem estar equivocadas, segundo a pesquisadora.
“Dinâmicas sociais não seguem apenas cálculos matemáticos. Há migrações, desencantos e reações que mudam o jogo”, afirma.
Enquanto isso, a diversidade religiosa brasileira segue crescendo – um retrato de um país em transformação.
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