Goiânia viveu um dos episódios mais críticos de alagamento de sua história neste último sábado, com chuvas intensas transformando vias em rios e invadindo centenas de residências. Apesar das inúmeras imagens e relatos de moradores e da imprensa registrando a gravidade da situação, o prefeito Sandro Mabel utilizou suas redes sociais para afirmar que a cidade “respondeu bem às chuvas”. A declaração, considerada por muitos como minimizadora, colide frontalmente com o cenário de caos enfrentado pela população.
Os pontos críticos, historicamente problemáticos como a Marginal Botafogo – ironicamente apelidada de “Bota Água” –, voltaram a ser palco de transtornos. No entanto, a dimensão desta vez foi ampliada: bairros como Jardim Atlântico, onde cerca de 40 casas foram inundadas, Setor Campinas, Pedro Ludovico e diversos outros setores registraram alagamentos de grande porte. O Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil realizaram múltiplos resgates, incluindo uma operação dramática no Setor Pedro Ludovico, onde uma adolescente foi arrastada por uma enxurrada. Testemunhas relataram que cidadãos precisaram levantar um carro e cortar os cabelos da jovem para libertá-la, em um ato desesperado de solidariedade.
A fala do prefeito gerou uma onda de indignação nas redes sociais. Moradores questionam, por meio de comentários, “em que Goiânia o prefeito vive”, classificando a afirmação como “irresponsável”. O sentimento geral é de que a gestão municipal falha em reconhecer a real extensão do problema, que resultou em perdas materiais significativas, risco iminente à vida e a sensação de abandono por parte do poder público.
Com o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) emitindo alertas para novas tempestades, o temor é que os eventos extremos se repitam, encontrando uma cidade estruturalmente despreparada. A pergunta que permanece, e que ecoa entre os goianienses, é: quantas tragédias serão necessárias para que o discurso oficial se alinhe à realidade urgente das ruas e das famílias atingidas?
