A inflação vem pesando no bolso dos brasileiros e obrigando milhões a mudarem sua rotina de consumo. Segundo pesquisa do Datafolha divulgada recentemente, 58% da população afirma ter reduzido a quantidade de alimentos que costuma comprar. Entre os mais pobres, esse número salta para alarmantes 67%.
O impacto do aumento de preços vai além da alimentação. O levantamento mostra que 8 em cada 10 brasileiros precisaram rever seus hábitos por conta da inflação. Entre as medidas mais comuns estão sair menos para comer fora de casa (61%), trocar a marca do café por uma mais barata (50%) e até diminuir o consumo da bebida (49%).
A pesquisa também apontou que metade da população passou a economizar no consumo de água, luz e gás — principal estratégia adotada para aliviar o orçamento doméstico. Além disso, 47% dos entrevistados disseram que buscaram uma nova fonte de renda. Outras medidas incluem redução na compra de remédios (36%), deixar de pagar dívidas (32%) e até atrasar o pagamento de contas básicas, como água e luz (26%).
O estudo também identificou um recorte político entre os entrevistados: quanto mais alinhado ao ex-presidente Jair Bolsonaro, maior o percentual dos que afirmam ter adotado mudanças drásticas no consumo. Já entre os eleitores mais simpáticos ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os índices de alterações são menores.
A percepção sobre a responsabilidade do atual governo na escalada dos preços dos alimentos também foi analisada. Para 54% dos brasileiros, o governo Lula tem muita responsabilidade na alta recente. Outros 29% acreditam que o Planalto tem alguma culpa, enquanto apenas 14% isentam totalmente a administração federal.
O cenário retratado pela pesquisa reforça a pressão que a inflação exerce sobre o dia a dia da população, especialmente a de menor renda, e aponta para uma crescente insatisfação com os rumos da economia.
