16 de dezembro de 2025
Goiânia

Mabel nadou, nadou  mas morreu na praia. Após briga com SEMAD pede ajuda ao estado sobre aterro sanitário 

Imagem reprodução

Após vencer disputa judicial, Prefeitura de Goiânia pede ajuda ao Estado para licenciar o lixão da capital

Subtítulo: Em ofício urgente, município solicita à Semad curso de capacitação para servidores, reconhecendo falta de expertise técnica. Estado vê no pedido confirmação de sua tese sobre incapacidade municipal para o autolicenciamento.

Em uma reviravolta no longo embate sobre o destino do lixão de Goiânia, a Prefeitura da capital recorreu à Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) para obter auxílio técnico. Após um ano de disputa judicial para assegurar o direito de emitir a licença ambiental do empreendimento, a gestão do prefeito Sandro Mabel enviou ofício solicitando, com urgência, um curso de capacitação para servidores municipais. O treinamento teria como objetivo habilitar a equipe da cidade para realizar o licenciamento ambiental de aterros sanitários – a mesma tarefa pela qual a administração municipal vinha brigando na Justiça.

O pedido partiu da Secretaria Municipal de Eficiência (Sefic) e foi assinado pelo titular da pasta, Fernando Antônio Ribeiro Peternella. Em resposta, a Semad afirmou, por meio de nota, que acatará a solicitação “tendo em vista que o único objetivo do Governo de Goiás é o de cuidar do meio ambiente e o de contribuir com o conhecimento técnico que a pasta tem de sobra”.

Para o governo estadual, o ofício serve como prova cabal de sua argumentação principal no processo judicial. “É importante que, depois de tomar conhecimento desse pedido, todos nós reflitamos, mais uma vez, se foi adequada a decisão do Tribunal de Justiça de Goiás de reconhecer a competência da prefeitura de Goiânia para promover o autolicenciamento do depósito de lixo da capital”, destacou a secretaria. A Semad reafirmou sua posição contrária à decisão do TJ-GO e disse que continuará tentando reverter o entendimento na ação civil pública, mantendo que o autolicenciamento “expõe o meio ambiente a riscos severos”.

Histórico de Conflitos e Irregularidades
A polêmica em torno do lixão de Goiânia é antiga. O local opera sem licença ambiental válida desde 2011, sendo alvo de inúmeras ações do Ministério Público e da Semad. Em 2016, uma resolução do Conselho Estadual de Meio Ambiente (Cemam) definiu o licenciamento de aterros como atribuição exclusiva do órgão ambiental estadual, dada a natureza regional de seu impacto.

Em 2019, a Prefeitura obteve uma decisão judicial permitindo que sua Agência Municipal de Meio Ambiente (Amma) licenciasse o próprio lixão. Paralelamente, um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) com o MP exigia uma série de investimentos, acordo que foi descumprido e acabou rompido em 2024. A Semad, em conjunto com a Associação Brasileira de Resíduos Sólidos (Abrema), ajuizou então uma ação civil pública pedindo a suspensão da licença municipal, alegando graves danos ambientais.

Embora tenha obtido uma liminar favorável em primeira instância, o Estado viu a decisão ser derrubada pelo desembargador Maurício Porfírio. Durante o litígio, a Semad produziu relatórios técnicos que apontavam riscos significativos à população decorrentes da operação do lixão.

Agora, com a competência legalmente reconhecida pelo Judiciário, a Prefeitura se vê na necessidade de buscar ajuda técnica do próprio órgão que tentou afastar do processo, levantando novas dúvidas sobre a capacidade operacional da administração municipal para gerir um problema ambiental de grande complexidade.

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