10 de julho de 2025
Brasil

O que você acha sobre a volta do horário de verão?

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O Brasil corre o risco de enfrentar dificuldades no abastecimento de energia elétrica durante os horários de maior consumo, especialmente no período noturno, nos próximos cinco anos, caso não sejam realizados leilões de potência. O alerta consta do Plano da Operação Energética 2025 (PEN 2025), divulgado nesta terça-feira (8) pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

O estudo avalia as condições de atendimento à demanda do Sistema Interligado Nacional (SIN) entre 2025 e 2029 e aponta a necessidade de medidas complementares, como o acionamento de usinas térmicas flexíveis e até a possível reintrodução do horário de verão – suspenso desde 2019 – para aliviar a pressão sobre o sistema nos horários críticos.

Crescimento das renováveis exige flexibilidade

A matriz elétrica brasileira tem passado por uma transformação significativa, com aumento expressivo da participação de fontes intermitentes, como energia eólica, solar e mini e microgeração distribuída (MMGD). Embora essas fontes tenham impulsionado a capacidade instalada, elas não suprem a demanda no período noturno, quando o consumo de energia atinge seu pico.

Até 2029, a previsão é de um acréscimo de 36 GW na capacidade instalada, totalizando 268 GW. A solar fotovoltaica, somada à MMGD, representará 32,9% da matriz, tornando-se a segunda maior fonte em capacidade. No entanto, essa expansão traz desafios operacionais, já que a geração solar é inexistente à noite, exigindo maior flexibilidade das hidrelétricas e termelétricas para compensar a oscilação.

Risco de déficit e necessidade de leilões

O ONS destaca que, sem a realização de leilões de potência, o sistema pode enfrentar violações nos critérios de segurança já a partir do segundo semestre de 2025, com risco de déficit (LOLP – Loss of Load Probability) entre 2026 e 2029.

Um leilão para contratação de reserva de capacidade estava previsto para 2023, mas foi adiado devido a disputas judiciais e, posteriormente, cancelado após a revogação das regras pelo Ministério de Minas e Energia. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) afirmou que, se novas diretrizes forem publicadas, um novo certame poderá ser realizado.

Desafios com cargas especiais e térmicas

Outro ponto de atenção é a entrada de cargas de alto consumo e baixa flexibilidade, como datacenters e plantas de hidrogênio verde, que podem pressionar ainda mais o sistema no horário de pico.

O ONS ressalta que, embora as termelétricas sejam necessárias para garantir a estabilidade, o ideal é priorizar usinas com rápida resposta, evitando fontes inflexíveis ou de acionamento lento.

Conclusão: O relatório reforça a urgência de leilões anuais de potência e de medidas operacionais para evitar um colapso no atendimento à demanda, especialmente no período noturno. Sem ações imediatas, o país pode enfrentar desafios crescentes na garantia do suprimento energético nos próximos anos.

Com informações do ONS e Aneel

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