Estudo mostra que carro particular é principal meio de locomoção para 41% dos goianienses; especialistas alertam para esgotamento do sistema viário
Goiânia é a capital brasileira que menos utiliza o transporte coletivo público entre as dez mais populosas do país. É o que revela a pesquisa Viver nas Cidades – Mobilidade, realizada pelo Instituto Cidades Sustentáveis (ICS) em parceria com o Ipsos. Segundo o levantamento, o carro particular é o principal meio de locomoção para 41% da população, enquanto os veículos por aplicativo representam 10% dos deslocamentos.
O estudo, realizado via internet, identificou que Goiânia é a única capital onde o uso do carro supera o número de pessoas que utilizam ônibus públicos. A pesquisa também ouviu as condições que fariam a população aderir ao transporte coletivo: 49% dos entrevistados afirmaram que usariam o sistema se o tempo de espera nos pontos fosse menor, e 44% citaram a rapidez no trajeto como fator decisivo.
Problema já identificado
O elevado uso de veículos individuais na capital já havia sido apontado como um dos principais desafios no Plano de Mobilidade Urbana de Goiânia (PlanMob), oficializado em abril de 2024. “Geralmente, isso leva ao esgotamento do sistema viário, e vem tendo um crescimento da frota muito grande”, explicou Igor Pantoja, coordenador de Relações Institucionais do ICS.
A arquiteta e urbanista Erika Kneib, professora da UFG e doutora em Transportes, reforça que os dados mostram uma realidade contrária à de outras capitais que adotaram políticas para reduzir o uso do automóvel. “Goiânia, infelizmente, se destaca negativamente, confirmando que as políticas públicas de incentivo ao carro e à moto, por aqui, têm agravado tais condições”, afirmou.
Posicionamento da CMTC
Em nota, a Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC) reconheceu a necessidade de melhorar a velocidade dos ônibus e destacou a importância de priorizar o transporte coletivo no trânsito e na sincronização semafórica. A empresa afirmou que “esse caminho é preponderante para que a opção pelo ônibus seja feita pelas vantagens estruturais”.