Uma geração de jovens adultos se vê encurralada por uma sensação generalizada de fracasso e solidão. Diferente das gerações anteriores, eles enfrentam uma combinação inédita de pressões: um mercado de trabalho volátil, relacionamentos mediados por algoritmos e uma crise de custo de vida que adia projetos de vida básicos, como sair da casa dos pais.
Especialistas e os próprios jovens apontam para uma “tempestade perfeita” de fatores. No campo profissional, a estabilidade é uma miragem. A exigência por qualificação constante, somada à precarização do trabalho e à concorrência global, gera uma ansiedade permanente. A sensação é a de que, por mais que se corra, nunca é suficiente.
Já na esfera afetiva, a dinâmica também mudou. Os aplicativos de namoro, que prometiam conexão infinita, muitas vezes resultam em conversas vazias e encontros descartáveis. A busca por um parceiro se tornou uma tarefa exaustiva, marcada pela lógica do “próximo, próximo, próximo”, onde a grama do vizinho parece sempre mais verde. Essa busca, ironicamente, aumenta a sensação de solidão.
O fator econômico é o pano de fundo de todo esse cenário. Com salários que não acompanham o custo de vida, especialmente o da habitação, projetos como constituir família ou mesmo ter a independência de um aluguel próprio se tornam sonhos distantes.
O resultado, segundo a reportagem, é uma geração que se sente profundamente rejeitada: rejeitada pelo mercado, rejeitada no amor e rejeitada pela promessa de um futuro próspero. O fenômeno não é apenas uma “fase difícil”, mas um sinal de mudanças profundas na estrutura da sociedade, exigindo uma reflexão coletiva sobre novos caminhos para o trabalho, o amor e a realização pessoal.