Em declaração que deve ressoar nas relações bilaterais, o possível futuro governo Trump sinaliza uma abordagem crítica e exigente ao maior parceiro comercial da América do Sul.
Em um sinal claro das possíveis tensões no horizonte da relação econômica entre Brasil e Estados Unidos, o secretário de Comércio do governo de Donald Trump (2017-2021), Wilbur Ross, fez declarações contundentes sobre o país. Em entrevista à CNN, Ross, que é conselheiro sênior de Trump para políticas comerciais, afirmou que “é preciso consertar o Brasil” e criticou o que chamou de “muitas regulações” e um ambiente que “não é totalmente aberto”.
As declarações foram dadas durante o “China Watcher Summit”, um evento focado em políticas em relação à China. Ross, um nome forte para reassumir a pasta no caso de uma vitória de Trump nas eleições de novembro, destacou que o Brasil está na lista de países que precisam de “conserto”, ao lado de México, Canadá e União Europeia.
A fala reflete a visão protecionista e a postura de “America First” (América Primeiro) que marcou o governo Trump anterior e que promete retornar com ainda mais força. A avaliação de Ross vai além de críticas genéricas, apontando para barreiras regulatórias específicas que, na visão dele, impedem uma relação comercial mais fluida e benéfica para os EUA.
A declaração ocorre em um momento sensível, onde o governo brasileiro busca aprofundar parcerias estratégicas e atrair investimentos estrangeiros. A fala de uma figura tão influente no círculo de Trump serve como um alerta para o Itamaraty e para o agronegócio brasileiro, que tem nos Estados Unidos um dos seus maiores mercados e concorrentes globais.
Especialistas avaliam que, se Trump voltar à Casa Branca, o Brasil pode enfrentar pressões comerciais mais duras e a exigência de concessões concretas em troca da manutenção de acordos vantajosos, como as cotas para exportação de aço e alumínio isentas de tarifas.