26 de abril de 2025
Brasil

UFG transforma pequi em pó e amplia possibilidades de consumo do fruto típico do Cerrado

Pesquisa inédita busca oferecer o produto o ano todo, expandir mercados e reduzir desperdício, com aplicações na culinária, farmácia e indústria cosmética

Tradicional no prato goiano, o pequi pode ganhar novas formas de consumo e chegar a mercados distantes graças a uma pesquisa pioneira da Universidade Federal de Goiás (UFG). Cientistas estão transformando o fruto em pó por meio de spray drying (secagem por spray), técnica já usada na produção de leite em pó e whey protein, mas aplicada ao pequi pela primeira vez. O projeto também estuda o processamento de jambo e guariroba, analisando seus valores nutricionais e antioxidantes.

Equipamento não havia sido usado ainda para estudar o pequi. (Foto: Acervo pessoal)

Coordenado pelo professor Flávio Alves, da Escola de Agronomia da UFG, o estudo visa resolver dois problemas: a sazonalidade do pequi — que só é colhido uma vez ao ano — e o subaproveitamento de sua polpa. “Hoje, o consumo se restringe à forma in natura, em conserva ou no molho. Congelar altera o sabor, mas o pó mantém as propriedades por mais tempo”, explica Alves. A desidratação permite armazenamento prolongado e facilita o transporte para outros estados e até países.

Além da culinária: farmácia e estética

O pequi em pó não será apenas um tempero. Suas propriedades antioxidantes e vitamínicas despertam interesse das indústrias farmacêutica e de cosméticos. Outra vantagem é a suavização do sabor e aroma intensos, o que pode atrair novos consumidores. “Queremos que ele chegue à mesa dos brasileiros de formas inovadoras”, diz Alves.

Equipamento não havia sido usado ainda para estudar o pequi. (Foto: Acervo pessoal)

A previsão é que o produto esteja pronto em menos de um ano, mas ainda depende de patente e parcerias com empresas. A equipe, que inclui o professor Júlio César Briceno e o mestrando Roberto Braz, terá colaboração internacional: um aluno estudará o pequi na Espanha, e outro analisará o jambo no Chile.

Preservação do Cerrado

Além dos benefícios econômicos, a pesquisa reforça a importância da conservação do bioma. “Manter o pequizeiro em pé é mais rentável que derrubá-lo”, destaca Alves. A iniciativa pode incentivar produtores rurais a valorizar a árvore nativa, combatendo o desmatamento.

Com potencial para movimentar mercados e reduzir desperdício, o pequi em pó representa um passo à frente na valorização dos frutos do Cerrado — e na ciência brasileira.

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