29 de abril de 2025
Saúde

Jovens do hemisfério norte bebem menos, mas tendência não se repete com mesma força no Brasil

Foto reprodução

Dados recentes de pesquisas internacionais mostram uma queda consistente no consumo de álcool entre jovens nos Estados Unidos, Reino Unido e outros países desenvolvidos. No Brasil, porém, embora haja sinais de redução no consumo regular, o abuso de bebidas alcoólicas entre jovens adultos ainda preocupa especialistas.

Queda no consumo entre jovens no exterior.

Nos EUA, um estudo da Gallup (2023) revela que 62% dos adultos de 18 a 35 anos consomem álcool, uma queda de 10 pontos percentuais em relação a duas décadas atrás. No Reino Unido, pesquisa da Mintel (2023) aponta que um terço dos jovens de 18 a 24 anos não bebem, enquanto os que consomem associam o hábito a ocasiões especiais.

geração Z americana também está bebendo menos cerveja e vinho, preferindo opções como hard seltzers (bebidas alcoólicas gaseificadas). Globalmente, a OMS registrou queda no consumo entre adolescentes (15 a 19 anos) – de 26% em 2016 para 22% em 2019.

E no Brasil?

Aqui, os dados são menos claros. A pesquisa Covitel (2023) mostrou que o consumo regular (três ou mais vezes por semana) caiu entre jovens de 18 a 24 anos – de 10,7% antes da pandemia para 8,1% em 2023.

No entanto, o consumo abusivo (cinco ou mais doses em uma ocasião) aumentou nessa mesma faixa etária – de 25,8% em 2022 para 32,6% em 2023. Nos EUA, esse índice é bem menor: apenas 6,9% dos jovens de 18 a 25 anos relatam beber em excesso.

Casos se tornam cada vez mais graves.

Diferenças regionais e políticas públicas

Enquanto o Norte do Brasil registrou queda no consumo abusivo (de 18,3% em 2010 para 16,4% em 2023), o Centro-Oeste e o Sul tiveram aumento. Especialistas apontam que políticas mais rígidas nos EUA – como maior fiscalização e taxação – podem explicar a diferença.

“É pior consumir seis doses de uma vez do que distribuir ao longo da semana”, afirma Mariana Thibes, socióloga do CISA. Já Luciana Sardinha, da Vital Strategies, defende que o Brasil precisa de medidas mais duras para frear o abuso de álcool.

Saúde mental e acesso à informação.

Talita Di Santi, psiquiatra da USP, destaca que países com menor consumo investem mais em saúde mental e prevenção. “Os jovens hoje têm mais informação sobre os riscos do álcool”, diz.

Enquanto o mundo desenvolvido caminha para menos consumo entre jovens, o Brasil ainda enfrenta desafios – especialmente com o aumento do abuso na faixa de 25 a 34 anos (29,8% em 2023).

Fica a questão: o país seguirá a tendência global ou manterá sua relação complexa com o álcool?

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