31 de outubro de 2025
Justiça

Deputada quer punir mulheres por denúncias falsas na Lei Maria da Penha

Imagem reprodução

Um projeto de lei em tramitação na Câmara dos Deputados propõe uma mudança significativa na aplicação da Lei Maria da Penha (Lei 11.340/06). A deputada Júlia Zanatta (PL-SC) apresentou uma proposta que visa criminalizar e punir mulheres que realizarem o que for caracterizado como “denúncia falsa” de violência doméstica e familiar.

A proposta defende a aplicação de penas por denunciação caluniosa – crime previsto no Código Penal, com pena de reclusão de dois a oito anos – além do pagamento de indenização por danos morais à vítima da falsa acusação, no caso, o homem denunciado.

Argumentos da Proposta

Em sua justificativa, a parlamentar argumenta que a medida busca coibir o que chama de “uso indevido” da lei, protegendo homens que sejam alvo de acusações mentirosas. Zanatta defende que a Lei Maria da Penha, criada para proteger mulheres em situação de violência, precisa ter “equilíbrio” e que a possibilidade de punição por falsas denúncias já é uma realidade em outras áreas do direito.

“O objetivo é garantir a justiça para todos, evitando que um instrumento criado para amparar vítimas seja transformado em arma de vingança ou manipulação”, escreveu a deputada.

Críticas e Preocupações

Especialistas em direito das mulheres e entidades de defesa dos direitos humanos veem a proposta com ressalvas. O principal argumento contra é o potencial efeito inibidor que a medida pode causar em mulheres vítimas de violência real.

O receio é que, diante da ameaça de uma ação judicial futura, muitas mulheres possam deixar de registrar ocorrências ou buscar ajuda por medo de não conseguirem provar a agressão e, consequentemente, serem processadas. A dificuldade em comprovar casos de violência doméstica, que muitas vezes ocorre sem testemunhas, é um dos pontos centrais da crítica.

A advogada especializada no tema, Dra. Camila Silva, comenta: “A Lei Maria da Penha é um instrumento de proteção a uma classe historicamente vulnerabilizada. Inserir este tipo de punição pode representar um retrocesso, desencorajando denúncias legítimas e fragilizando a rede de proteção à mulher”.

Próximos Passos

O projeto ainda será analisado pelas comissões temáticas da Câmara dos Deputados, onde precisará passar por debates e votações antes de poder seguir para o Senado. A expectativa é que a proposta gere intensa discussão entre parlamentares, juristas e movimentos sociais.

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