Eduardo Bolsonaro intensifica ofensiva nos EUA contra Alexandre de Moraes
Nos últimos 35 dias, desde a posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, o deputado federal Eduardo Bolsonaro realizou três viagens ao país em uma campanha de apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro e em ataques ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. O parlamentar acusa Moraes de agir politicamente contra seu pai e já tem uma quarta viagem programada para a próxima semana.
Em Washington, Eduardo se encontrou com diversos congressistas e figuras da direita americana, incluindo Steve Bannon, ex-estrategista de Trump. O deputado busca apoio para pressionar o governo dos EUA a impor sanções a Moraes, alegando que o ministro atenta contra a liberdade de expressão e age politicamente para manter Jair Bolsonaro inelegível até 2030. Entre as sanções citadas por Eduardo estão as chamadas “sanções OFAC”, usadas pelos EUA para punir estrangeiros acusados de violar direitos humanos ou cometer abusos de poder.
A estratégia bolsonarista nos EUA se intensificou após a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) que aponta Bolsonaro como líder de uma organização criminosa para tentar reverter o resultado das eleições de 2022. Em meio a isso, Moraes tornou-se alvo de um processo movido pela Trump Media & Technology Group (TMTG) e pela rede social Rumble na Flórida. A ação contesta decisões do ministro que impactaram conteúdos da plataforma no Brasil.
Além da via judicial, Eduardo e aliados trabalham no Congresso americano para aprovar o projeto de lei “No Censors on our Shores Act”, que prevê a inadmissibilidade e deportação de autoridades estrangeiras que tenham infringido a Primeira Emenda da Constituição dos EUA, referente à liberdade de expressão. O projeto, que conta com apoio de parlamentares republicanos, tem como alvo direto Alexandre de Moraes.
O senador Mike Lee, republicano por Utah, também manifestou apoio à ofensiva contra Moraes e afirmou que pretende viajar ao Brasil ainda este ano para questionar as ações do ministro. Outro nome influente na direita americana, o empresário Elon Musk, dono da rede social X, também interagiu com postagens críticas ao magistrado, sugerindo possíveis sanções econômicas.
Apesar dos esforços, Eduardo Bolsonaro ainda não conseguiu apoio formal da Casa Branca para sua estratégia. Trump não se manifestou diretamente sobre a ofensiva contra Moraes, limitando-se a mencionar Eduardo como “amigo” durante um evento conservador. Enquanto isso, o governo brasileiro acompanha os desdobramentos sem fazer declarações públicas, embora o Itamaraty reforce nos bastidores a importância do STF na defesa da democracia no Brasil.
Até o momento, Moraes não se pronunciou sobre a campanha contra ele nos EUA, e o governo brasileiro avalia possíveis respostas caso o tema avance no cenário internacional.